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Madalena Caramuru: a primeira brasileira alfabetizada

  • Foto do escritor:  carlotinha
    carlotinha
  • 14 de jan. de 2019
  • 7 min de leitura


Ilustração de autoria: @joanalira

Uma coisa é fato é preciso falar de Madalena Caramuru e de tantas outras mulheres extraordinárias que fizeram e fazem a diferença no nosso país. Inúmeras mulheres que deram sentido a palavra LUTA, elas deram suas vidas pelas as nossas e ainda hoje dão. Tenho certeza que se elas tivessem outra chance na vida iriam fazer tudo de novo e um pouco mais, o que se vê durante anos são pessoas, na maioria acomodadas que falam e lê sobre Jesus, mas que não arriscariam suas vidas pelo seu irmão, quando falo irmão me refiro a toda criação divina. Madalena é um exemplo de que se hoje mulheres tem a oportunidade de ocuparem espaços que antes não era possível, isso é graças a luta dela e de tantas outras.


A participação feminina no Brasil colônia (1500-1822) se restringiu, em parte, `procriação, aos trabalhos domésticos, ao canto e às orações. Nesse contexto, a alfatização das mulheres seria fundamental para ampliar a atuação feminina na sociedade e mudar a história do país, como mostrou a pioneira Madalena Caramuru. Infelizmente essa imposição dada as mulheres se perpetuar até hoje, não somos obrigadas a casar, a gerar filhos, a maternidade para a maioria não é esse conto de fadas como é exposto, a liberdade feminina custou e ainda custa muito caro, matam nossas irmãs, mas não calam suas ideias e sua voz.


Madalena era uma das filhas do náufrago português Diogo Álvares Correia, mais conhecido como Caramuru, e da índia tupinambá (povo indígena que pertence ao tronco linguístico tupi e que ocupava o litoral brasileiro, do norte de São Paulo ao rio Amazonas, eram guerreiros e praticavam o canibalismo) Paraguaçu, que adotou o nome cristão de Catarna do Brasil. A família morava no povoado de Salvador, na Bahia. Em 1534, ela se casou com Afonso Rodrigues, nascido Óbidos, Portugal, que foi quem a alfabetizou. De acordo com Varnhagen, um dos poucos historiadores que documentou a vida da moça- e que, portanto, nos garante que ela de fato existiu! o casamento dos dois foi registrado na igreja de Nossa Senhora da Vitória , uma das primeiras de Salvador.

Depois de instruída, Madalena se manifestou em defesa do povo diante dos portugueses.


Em 26 de março e 1561, ela escreveu uma carta para o padre Manuel da Nóbrega, chefe da primeira missão jesuítica enviada ao Brasil, em 1549.No documento, ela exigia o fim dos maus-tratos às crianças indígenas e o início da educação feminina, oferecendo uma ajuda financeira para que isso acontecesse. O padre, ao contrário da maioria dos homens brancos, tentou integrar o povo colonizado. Ele acatou suas ideias, recorrendo à rainha de Portugal, D. Catarina, para conseguir a autorização necessária para colocá-la em prática. Ele também alegou que a presença feminina nos cursos de catecismo era muito maior, de modo que elas poderiam aprender a ler e escrever.


A Corte portuguesa, no entanto, julgou a iniciativa perigosa, vetando o pedido. Com essa correspondência, que se perdeu com o tempo, Madalena não se tornou apenas a primeira mulher a interpretar e usar o código linguístico na história do país, como também a primeira a o usar para lutar pela ampliação da educação. Em 2001, os Correios emitiram um selo para homenagear o ativismo de Madalena Caramuru, cuja arte foi criada por Ricardo Cristofaro.

É incrível como somente um pesquisador perpetuou a vida de Madalena de forma verídica, e não é a primeira vez que a história brasileira tenta deletar o protagonismo de mulheres no país colocando-as como coadjuvantes.

Os livros de história perpetuar datas comemorativas e movimentos baseados no senso comum e enquadradas em estereótipos e isso é repassado para nossas crianças como a verdadeira história do Brasil, que fique bem claro, índio não é uma pessoa “morena’’ com canga, pena, arco e flecha que sai fazendo barulho com a boca, esse povo tem uma cultura milenar e bem complexa, cada tribo possuem costumes e rituais que deve ser respeitado.


O que acontece ainda hoje é uma matassem sem fim desse povo que em poucos anos será extinta, infelizmente os índios foram taxados de “selvagens” algo que para mim é inadmissível, um povo rico de saber, que construiu uma linguagem própria, uma medicina natural incrível repassada por gerações. Selvagens somos nós que apoiamos essa barbárie, invadimos seu espaço, lhe repassamos doenças, apoiamos a pecuária que é a que mais exterminar a Amazônia e mata nativos.


É nítido que o padre só levou a reinvindicação de Madalena a frente pois de alguma forma lhe traria um retorno , sua missão era clara , fazer mulheres perpetuar sua religião de forma escravista e isso infelizmente ainda acontece, pessoa que utilização as mulheres como degraus, como escravas para conseguir chegar onde desejam e nem preciso dizer que a maior parcela de opressores são homens , que nós taxam de burras quando querem nos explicar o óbvio, quando querem continuar nos calando , quando se escondem através das redes sociais e nos ridicularizam com piadas e palavras de cunho opressora.


O mais triste é quando mulheres desmotivam outras mulheres, quando elas também são machistas, homofóbicas e racistas, quando elas não reconhecer a legitimidade da luta feminina por igualdade, respeito e liberdade. Madalena já sabia que colocar a sua voz à frente dessa luta era um caminho sem volta , era preciso ter coragem para continuar, pois naquela época ela já sabia que ser ativista em um país de raiz exploradora é um grande perigo, pois eles tentam calar seu grito com um tiro, vivemos em um país que sobrevive no berço da desigualdade , o verdadeiro poder estar nas mãos do povo , mas eles estão alienados demais para enxergam isso ou preferem seguir o caminho reverso, pois infelizmente a educação de qualidade não bate em todas as portas e quebra o murro do patriarcado ainda é difícil.


Só o fato de nós mulheres temos a liberdade de ir e vir( vale lembrar que nem todas as mulheres possuem essa autonomia no século XXI, existem mulheres ainda que se colocam no lugar de inferior , elas ainda abaixam a cabeça para seus companheiros e para as pessoas de um modo geral ,por isso continuamos a lutar pois o avanço que temos é muito pouco ainda, infelizmente a violência contra a mulher, contra os direitos humanos e contra a constituição de 1988 é alarmante) é correlacionado rapidamente com: perigo, bruxaria,macumba,crime, grosseira, falta de educação. As pessoas apontam o dedo na nossa cara e dizem que não vale a pena lutar dentro dos espaços que ocupamos, que não ganharemos nada com isso, não teremos um retorno positivo, que o mais apropriado seria ficar quieta. Vivemos em um mundo contraditório composto por algumas pessoas que falam lindos discursos sobre liberdade de expressão, sobre democracia, sobre feminismo, mas que de fato na prática não vivencia isso, é algo falado da boca para fora.


Foi apenas em meados do século XVIII que as meninas passaram a frequentar as escolas brasileiras, mas com muitas restrições. De 1549 a 1757, a educação dos índios era de responsabilidade dos missionários católicos, principalmente jesuítas. Após a expulsão dos jesuítas das terras sob domínio português, em 1759, o Marquês de Pombal elaborou uma reforma no ensino. Ele instituiu o Diretório dos Índios, que proibiu o uso de outra língua que não o português e criou escolas separadas para meninos e meninas. Além da doutrina cristã, elas deveriam aprender a ler, escrever, fiar, fazer renda e costurar.


O diretório foi revogado em 1798, muito por conta dos abusos contra a população indígena. Apesar disso, várias províncias continuaram a adotá-lo até 1845. Em 1845, foi instituído o Regulamento das Missões, que trouxe novamente os missionários ao Brasil e os incumbiu da educação indígena, que incluía o catecismo, mas não com a autonomia de antes.

Com a criação do Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais, em 1910 (posteriormente chamado só de Serviço de Proteção aos Índios — SPI), e a política de integração nacional, a educação passou a ser vista como forma de “civilizar” os indígenas e prepará-los para serem “trabalhadores”.


Assim, eram ensinados, além de português, matemática básica para o comércio, noções de agricultura, pecuária e indústria. Não havia preocupação em manter as diferenças entre as várias etnias. Acusado de extermínio cultural das populações indígenas, o Brasil substituiu o SPI pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em 1967. A entidade manteve a educação voltada para a inserção do índio na sociedade, mas reconheceu a importância da educação bilíngue.

Entretanto, o uso das línguas nativas era visto apenas como uma forma de transição para o aprendizado do português e da “identidade nacional”.

É nítido que a FUNAI é importante e necessária, mas como quase tudo no Brasil não funciona como deveria, ela não possui o apoio total do Estado e infelizmente faz o mínimo pela população indígena que continua sendo ceifada em suas terras. Em 1991, o MEC passou a cuidar do ensino indígena e inseriu a sociedade civil, incluindo representantes desses povos, nas decisões sobre as diretrizes escolares. Desde então, as políticas educacionais procuraram respeitar a interculturalidade, a educação bilíngue, diferenciada e específica, de acordo com os costumes e tradições de cada etnia, como prevê a Constituição de 1988, um marco na educação indígena. Em 2016, havia 3115 escolas indígenas no país e 233 mil alunos matriculados, segundo o Censo Escolar da Educação Básica 2016, com a Lei Geral de 1827, foi autorizada a abertura de escolas públicas femininas, garantindo apenas os estudos primários.


Ao longo do século xx, houve uma reversão do hiato de gênero (significa a desigualdade que existe entre homens e mulheres em diferentes áreas da sociedade. A reversão do hiato de gênero na educação é considerada uma das maiores conquistas das mulheres no século XX). As mulheres foram as principais beneficiadas pela universalização do ensino, ultrapassando, em muitos cursos, o número de homens em sala de aula e tirando notas melhores que eles. A história da alfabetização no Brasil é contada por mulheres como Madalena Caramuru, que colocaram em prática o verdadeiro poder de ter pena, lápis ou caneta em mãos. Garantir esse direito a todos continua sendo a maneira mais efetiva de conquistar um futuro melhor.


O investimento na educação foi fundamental para a luta pela emancipação das mulheres. Nísia Floresta foi a primeira por aqui a dar voz ao feminismo com seu livro Direitos das mulheres e injustiça dos homens, de 1832. Em 1897, outro passo importante foi dado: a mineira Prisciliana Duarte de Almeida (1867-1944) fundou a icônica A Mensageira: Revista Literária Dedicada a Mulher Brazileira.


A publicação contou com diversas colaboradoras, que finalmente ganharam espaço para desenvolver suas produções literárias. Elas abordaram o preconceito, o renascimento das letras, a poesia, a educação e tantos outros temas progressistas sob a ótica feminina. A publicação circulou até 1900, e hoje é parte do acervo da Biblioteca Nacional. Prisciliana fez contribuições valiosas para a literatura, principalmente no segmento infantil, e foi uma das fundadoras da Academia Paulista de Letras.Apesar de tudo é lindo de se vê que muitas pessoas continuam lutando e fazendo valer todo o sacrifício que Madalena e tantas outras mulheres fizeram por nós. As vozes da liberdade e do amor continuaram ecoando por gerações até conseguimos efetivar isso no mundo, “ninguém solta a mão de ninguém”




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